Um pouco a contragosto devido a natureza da tarefa, o garoto se dirigiu até o último andar do prédio. Chegando lá, informou-se com um ou dois marinheiros de passagem o melhor local para encontrar os materiais próprios para a limpeza. Era um trabalho massante e enfadonho, esfregar o chão com aquela longa vara de madeira com uma escova na ponta. Era um exercício que poderia lhe tomar a tarde toda, a julgar pelo tamanho do local.
Em seu caminho, o rapaz vira outros novatos, encarregados de missões semelhantes àquela, esfregando o chão aos resmungos enquanto soldados a mais tempo presente circulavam entre eles. Mas, ao menos, era no andar do capitão. Amplo e bem arejado, era a zona do quartel general mais bem provida de grandes janelas, que permitiam uma saudável luz do sol entrar, bem como ofereciam aos presentes o carinho da brisa marinha vinda longínqua do porto. Ademais, o local era permeado com tapeçarias nas paredes onde não haviam janelas, retratando momentos importantes da história da marinha, bem como quadros com fotos de grandes marinheiros famosos com suas medalhas. Mesmo sendo um trabalho chato e desprezado por qualquer marinheiro, esfregar o chão do andar do capitão pelo menos dava aos novos recrutas a chance de sentir ao menos uma leve brisa do poderoso tufão que a vida de um grande marinheiro poderia ser.
Mas provavelmente não era isso que se passava na cabeça de Aomine enquanto fazia aquele trabalho ridículo. Certamente não fora para isso que ele se alistara, e mesmo com o braço ainda não completamente recuperado, ele imaginava ser capaz de fazer algo mais útil. Ou, ao menos, queria acreditar ser. O trabalho se arrastava.
Na medida em que o corredor ia diminuindo seu imenso tamanho sujo em relação ao limpo, os minutos iam se transformando em horas, e a tarde começava a avançar a passos largos, quando de repente, vindo de algum lugar a esquerda do novato - possivelmente da janela - o som de vozes e movimento. Quando o rapaz conferiu espiando pela janela, pode ver, vários andares a baixo, uma turma de soldados da marinha treinando na zona destinada a isso do quartel. Ele deveria ter ficado frustrado de não poder participar. Mas provavelmente voltaria a seu trabalho.
Mais algum tempo depois, o barulho de homens treinando seria substituído pelo de uma discussão acalorada... Não, mais do que isso... Uma verdadeira briga parecia estar acontecendo, pelo que o rapaz podia ouvir. Aquela hora ele já era o único marinheiro de serviço no último andar, e ao olhar pela janela, com o sol quase poente, notou dois homens, desarmados e sem camisetas, suados devido ao treino, engalfinhando-se em uma briga brutal. Nenhuma outra pessoa era visível, fosse ela oficial ou não, e o braço de Aomine já não parecia doer tanto. Iria ele tentar apartar aquela briga, em uma tentativa de se mostrar mais útil do que uma simples faxineira? Ou arriscaria perder um tempo precioso buscando por um superior que a apartasse, cumprindo seu dever com menos risco de represálias - e de destaque?